segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A tal sobrevivência

A tal sobrevivência

(Paula Campos)

Tenho razões que desconheces
Sei de opiniões que não me foram faladas
Tenho motivos
E não gosto, assim,
De certas ações que me foram cobradas.

Tens amigos que não me conhecem
Que me julgam por suas palavras
Jogadas ao vento moderno
E que, no sopro de sua mocidade,
Pensam ser os donos da verdade.

Tens pessoas que não sabem do meu ser
Do meu ver, do meu viver
Das dificuldades dos dias de sua ausência
Do meu te querer
Do meu bem-querer
Da minha luta
Da tal sobrevivência.

20/10/2015

Aos olhos de quem vê

Aos olhos de quem vê

(Paula Campos)

Na fila do banco, ela observa
Crianças correndo e um casal
Exemplos da família tradicional.

Na padaria, pessoas sozinhas, em pares, em grupos
E os casais lá
"Benzinho" pra cá, "Amor" pra lá
Normal.

Na praia, o mesmo
Ela observa os olhares alheios
Que tudo veem
Com sorrisos e carinhos
Os beijinhos, os abraços,
Os "benzinhos", os amassos.
Tudo bem!

Afinal, tudo é normal... O amor é lindo...
"Peraí, isso não é um casal!"
E quando os dois são iguais
Vê-se a normalidade nos olhares
Se esvaindo.

20/10/2015

Permissão

Permissão

(Paula Campos)

Se quer ser feliz, permita-se viver.
Se quer viver, permita-se ser.
Não tenha medo de escolher
Desistir, chorar, sofrer.

Não caia na mesmice, comodidade.
O cômodo é bom até você viver de verdade.
Depois disso: felicidade.

Se quer ser feliz, permita-se amar.
Um, dois, três... Quantidade não tem vez.
Amar um não exclui o outro. A chave é a intensidade.

Se quer ser feliz, permita-se terminar.
Não se deixe acomodar pela intimidade.
O falso estável é o estopim da instabilidade, infelicidade.

E torna extremamente dura a realidade.

06/05/2015

Indigestão

Indigestão

(Paula Campos)

O dicionário define indigestão como um substantivo feminino, com duas acepções (1 - má digestão; 2 - efeito da má digestão manifestado por dor abdominal, náusea e/ou vômito). Acho que todos têm uma noção disso e também acho que todos sabem que isso não se dá só com relação a refeições.
Muitas coisas que nos acontecem são indigestas. Sabe quando algumas pessoas tiram conclusões sobre você sem o conhecerem bem? Então. Não sei em vocês, mas, em mim, isso causa uma indigestão! A pessoa olha para você, cria uma imagem, acredita nela e, pior, ela a espalha (sem base, sem fatos, sem conhecimento). Gente, se é difícil interpretar uma pessoa que você conhece, imagina uma com quem você mal tem contato!
E quando a pessoa sabe que você passa por uma situação delicada na vida, que a sociedade pode encarar como uma pedra no caminho? Você não pode ficar triste, estar cansado, ter uma dor de barriga que seja... A pessoa vai falar que é por causa daquela pedra lá, mas mal sabe que a pedra pode ser ela mesma.
Eu tenho passado por isso. Pessoas que falam sem saber de nada e que acham que uma única coisa explica tudo. Vejo pais que não deixam seus filhos crescerem e tratam esses adultos como crianças até hoje. Eu não consigo aceitar isso! Tenho lido coisas que magoam, ouvido opiniões insensatas e até ridículas, mas, para não chatear alguém ou evitar discussões, eu engulo. Tenho visto cenas desagradabilíssimas, as quais também tenho de engolir, seja pelo bem do convívio ou manutenção de um segredo.
Bem, todos nós temos sapos a engolir. Eu tenho engolido tantos que, se a náusea passar para o vômito, o convívio será difícil, algum segredo será revelado e tudo, provavelmente, ficará pior. Ou seja, engolir sapo é necessário e a minha indigestão está sendo enorme.

03/08/2015