quarta-feira, 14 de abril de 2010

Mercenários da educação


Mercenários da educação
(Paula Campos Soares)

Toda reação teve sua ação. Toda consequência teve sua causa. Sendo assim, todo resultado teve sua escolha. Concordam? Então se uma pessoa faz uma escolha, ela não deve reclamar da reação, consequência e resultado que ela traz.
Comumente, há pessoas reclamando da vida e uma das reclamações mais frequentes é a relativa a salário. Concordo plenamente que nós, professores, não somos valorizados como deveríamos (na verdade, nem somos valorizados), mas quem escolheu ser professor? Vamos voltar à questão da escolha: toda escolha tem seu resultado. Nossos pais sempre diziam “pense bastante nas coisas antes de fazê-las”; alguns professores deveriam ter escutado a frase “pense bem antes de escolher sua profissão”.
Muito me espanta nós, professores que somos, educadores, formadores de cidadãos, maiores exemplos de nossos alunos, termos nos tornado, em tão poucos anos, os piores exemplos para nossos alunos. Como pode um professor entrar em sala e falar que não gosta de ser professor? Esse mesmo professor vive reclamando que os alunos não o respeitam. Lógico! Eu não respeitaria! É a mesma coisa de você ir a um médico e ele falar que detesta ser médico. Eu nunca confiaria num médico desses, e você? Você professor não confia em si próprio e quer que os alunos confiem... Uma aluna minha uma vez me contou que foi recriminada por uma outra professora quando ela disse que queria fazer História: “Vai virar professora? Está louca? Faz isso não!”. Meu Deus, onde estamos? Eu ficaria toda orgulhosa de ver uma aluna querer seguir minha profissão, mesmo ela sabendo das imensas dificuldades pelas quais passamos.
Mas voltemos à questão dos salários, quer dizer, da reclamação com relação ao salário. Nunca vou concordar com o salário que recebemos. É um absurdo, sim, pessoas tão estudiosas como os professores, tão batalhadoras, serem tão mal remuneradas. Mas eu escolhi isso. Eu escolhi ser professora, ninguém escolheu por mim. Eu não sou hipócrita e ridícula a ponto de não fazer meu trabalho direito só porque não recebo direito, pois, afinal, quem não trabalha direito nunca vai merecer um salário digno. Não sou daquelas que só fazem algo extra pela escola se for ganhar dinheiro extra ou crédito. Lógico que preciso do dinheiro; vivemos num mundo capitalista, ora bolas. Mas há uma enorme diferença entre ser capitalista e se tornar um mercenário. E, infelizmente, constatei que a maioria dos professores é mercenária.
O que mais me entristece é ver que pessoas como essas, mercenárias, são chamadas de educadoras. Se os alunos seguirem esse exemplo de educador vão se transformar em políticos corruptos ou profissionais mercenários e, esses mesmos professores, estarão reclamando de seus alunos para sempre.


14/04/2010

terça-feira, 13 de abril de 2010

Epica - Run for a fall

Essa música é linda. A letra é maravilhosa. E ela canta de mais. Muito bonita a voz dela.
Segue a letra abaixo do clipe.



Do not use the past as an alibi
For all of your deficiencies always standing by
Face your negligence, do not fool yourself
Shortcomings will soon appear
For weakness shows itself

Blind from your success and all of the excess
Deaf from the praise you had

Don’t cry out of self pity in forcing your way through
For I will not be vulnerable to slander made by you

In a misty veil, misplaced
Where castles in the air will be no longer seen
As something out of reach
In time the dream will be erased
So many things will never be the way they seemed
And pride will have it’s fall at last

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Mudanças...

Gente, fui obrigada a mudar meu site novamente. O Google Sites é muito bom, mas os gadgets de comentário dele estão muito ruins. O que eu estava usando simplesmente bloqueou a conta com a Google e eu perdi todos os comentários. Para que eu não tenha mais que passar por isso, resolvi mudar para o blogspot, que também é da Google, mas pelo menos tem o campo de comentários fixo.

Espero que gostem!

Abraços.

domingo, 11 de abril de 2010

Pato Fu: O prato do dia


Seguem a letra e o arquivo com o mp3 da música.
O Prato do Dia 
(John)
Não é tão ruim assim
Não é de todo o mau
Quando me corto sem querer
E bom para me lembrar
Que todo esse sangue
Que vejo por aí
Está por aqui também

Moço, hoje eu vou querer
A comida mais estranha (esquisita)
A que menos se pareça comigo
“Tô” me sentindo meio janta hoje
“Tô” me sentindo meio arroz com feijão...

Quem vamos ter para hoje?
Quem vai ser, quem?
Quem vamos ter para hoje?
Quem vai ser, quem, o prato do dia?

Não gosto mais de ler jornal
Pensei é melhor para mim
Fazer as contas do que vi
E nem quero me lembrar
Que todo esse sangue
Que vejo por aí
Está por aqui também.

Pato Fu


10 O Prato Do Dia.mp3

Não entendo alpinismo

Pleonasmo

Gabriel, o pensador: Até quando?


Até Quando?
Composição: Gabriel o Pensador; Itaal Shur; Tiago Mocotó
Não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve
Você pode e você deve, pode crerNão adianta olhar pro chão, virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus sofreu
Num quer dizer que você tenha que sofrer
Até quando você vai ficar usando rédea
Rindo da própria tragédia?
Até quando você vai ficar usando rédea
Pobre, rico ou classe média?
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura
Até quando você vai ficando mudo?
Muda que o medo é um modo de fazer censura

(Refrão)Até quando você vai levando porrada, porrada?
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando porrada, porrada?
Até quando vai ser saco de pancada?
(Repete refrão)

Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente
Seu filho sem escola, seu velho tá sem dente
Você tenta ser contente, não vê que é revoltante
Você tá sem emprego e sua filha tá gestante
Você se faz de surdo, não vê que é absurdo
Você que é inocente foi preso em flagrante
É tudo flagrante
É tudo flagrante
(Refrão x2)

A polícia matou o estudante
Falou que era bandido, chamou de traficante
A justiça prendeu o pé-rapado
Soltou o deputado e absolveu os PMs de Vigário
(Refrão x2)

A polícia só existe pra manter você na lei
Lei do silêncio, lei do mais fraco:
Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco
A programação existe pra manter você na frente
Na frente da TV, que é pra te entreter
Que pra você não ver que programado é você
Acordo num tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar
O cara me pede diploma, num tenho diploma, num pude estudar
E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado que eu saiba falar
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá
Consigo emprego, começo o emprego, me mato de tanto ralar
Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar
Não peço arrego mas na hora que chego só fico no mesmo lugar
Brinquedo que o filho me pede num tenho dinheiro pra dar
Escola, esmola
Favela, cadeia
Sem terra, enterra
Sem renda, se renda. Não, não
(Refrão x2)

Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro


Os Melhores do Mundo: O assalto

Assalto à Língua Portuguesa



Melhores do Mundo: O anjo anunciando a missão de Hermanoteu

A letra "i" quer ir embora




Tadinha =/

As paredes têm ouvidos

As paredes têm ouvidos
(Paula Campos Soares)

Era uma vez um lindo prédio, na verdade ele não era lindo externamente, mas trazia algo mágico dentro de si: todos que lá entravam aprendiam algo. O prédio era bem grande. Quando se entrava lá, muitas vezes não se sabia para onde ir, tamanhas eram as oportunidades que lá se encontravam para conhecer algo novo. O prédio tinha muitas salas; umas grandes, umas pequenas, umas decoradas, outras vazias.
Certo dia, uma menina bem novinha foi chamada para este lugar. Várias pessoas passavam grande parte do dia neste lugar; umas imploravam para ir, mas outras, estas especiais, eram convidadas. Quem implorava para ir a este prédio estava sempre receoso, pois bem sabia que a qualquer momento poderia ser convidado a se retirar de lá para sempre; já quem fora convidado estava tranquilo, pois só sairia de lá se quisesse.
A menina se encantou pelo prédio. Ela já havia estado em lugares parecidos, mas nunca havia sentido uma sensação tão boa como a que sentiu no dia em que chegou ao prédio. Muitas pessoas eram vistas pelos corredores e pelas salas, porém algo de estranho ela encontrou no lugar: ninguém era mais velho que ela; alguns eram mais novos, outros da mesma idade, mas ninguém era mais velho. Ela ficou se perguntando o porquê disso.
Um sino soou e ela foi levada, sem que ninguém a guiasse, até uma sala bem grande. Esta sala era chamada de intersala. Ela tinha este nome porque era onde as pessoas podiam interagir umas com as outras. A garota logo pensou: “Então, aqui poderei ver outras pessoas, inclusive mais velhas do que eu”. Sua empolgação logo acabou. Só havia as mesmas pessoas que ela havia visto no corredor pouco antes. Uma outra menina estava bem quieta no canto, mas, logo que viu a novata, veio conversar com ela.
_             Oi, como vai? Meu nome é Marie.
_             Olá.
_             É sua primeira vez aqui, né? Deve estar gostando.
_             Bem, sim. Mas algo está me incomodando.
            Sério? – perguntou Marie surpresa – O quê? 
_             Por que não há pessoas mais velhas neste prédio?
_             Lógico que há pessoas mais velhas, só que elas ficam no último andar. Um dia nós vamos para lá também.
_             Mas por que ficam isoladas de nós?
_             Todos dizem que é porque são superiores a nós, mais experientes, mais sábias.
_             Continuo sem entender. Quer dizer que não somos sábias? Que somos inferiores?
_             É o que dizem.
A menina se despediu de Marie, sentou-se pensativa e começou a olhar em volta. Ela notou que por mais bonita que a sala fosse, ela possuía uma peculiaridade bem estranha: todas as paredes tinham ouvidos. Das quatro paredes da sala, todas tinham ouvidos, porém uma lhe chamou mais atenção. Ela se levantou e viu que a parede em frente a ela, próxima de onde ela estava conversando com Marie, tinha um desenho de uma orelha, assim como as outras também tinham, só que esta orelha estava de cabeça para baixo. Ela passou a mão pelo desenho e ouviu um grito. Olhou para os lados e ninguém parecia estar gritando. Passou novamente a mão pelo desenho e ouviu uma voz que dizia: “Pare com isso! Faz cócegas!”
_             Algum problema? – perguntou Marie, que estava logo atrás da menina.
_             Esta parede falou! Ela gritou! – exclamou a menina, completamente assustada.
            E daí?
            Como assim “E daí”? Paredes não gritam.
_             As únicas paredes que não gritam, quero dizer, não falam, são as outras três desta sala. Elas só escutam. Todas as outras paredes do prédio escutam e falam também. – elucidou Marie. - Você não sabia que as paredes têm ouvidos?
A menina ficou boquiaberta, sem saber e sem ter o que falar. Depois de alguns longos segundos, ela sussurrou: “Então é verdade...”
Depois de vários dias no prédio, ela só sabia olhar para as paredes e ver as orelhas nelas. Todas estavam de cabeça para baixo. Ela até descobriu que o sinal que ela escutava todos os dias para ir à intersala era feito por essas orelhas falantes.
O prédio era governado por uma pessoa que não ficava ali e que ninguém conhecia pessoalmente. Só uma pessoa conhecia o governador. Esta pessoa era o diretor do prédio. Só ele tinha contato com o governador e só ele, embora raramente, saía do último andar. Certo dia, as pessoas na intersala foram surpreendidas por uma visita ilustre: o diretor.
_             Boa tarde, meus amigos. Como vão vocês?
Todos ficaram extasiados. Marie havia dito que quase todos o idolatravam. Quando foi indagada sobre a razão desta idolatria, ela disse que ele não punia ninguém que chegasse atrasado ou não aparecesse no prédio. Mas Marie não gostava dele. Ele mandava todos falarem bem dele e todos faziam isso, como uma troca de favores.
_             Soube que recebemos uma nova integrante há alguns dias. Peço desculpas por não tê-la recebido antes. Gostaria que pudéssemos conversar um pouco.
Todos olharam para a menina com um olhar de inveja. Ela ficou sem graça e Marie ficou espantada com a atitude do diretor, já que ele nunca conversava com ninguém isoladamente. Porém algo de estranho no sorriso do diretor intrigou a menina. O diretor pediu para que todos esvaziassem a sala e que só a novata permanecesse lá com ele.
_             Olá, querida. Qual o seu nome?
_             Jen.
_             Bem, Jen. Ouvi dizer que você não está à vontade aqui.
_             Eu?
_             É. Ouvi dizer que não gosta de nós do último andar.
_             Nunca disse isso. Nem os conheço.
_             Não minta para mim! Você quer que eu a expulse daqui?
_             Lógico que não! Não falei nada disso!
_             Eu posso expulsá-la!
_             Claro que não pode. – falou Jen irritada já.
_             Como ousa me desautorizar?
_             Você não sabe que fui convidada a entrar aqui?
_             E daí?
_             E daí que quem é convidado só sai se quiser.
O diretor ficou sem saber o que falar quando pego pela astúcia da menina. A menina logo notou que ele, embora diretor, não sabia de nada que acontecia no prédio nem como funcionavam as regras do mesmo.
_             Eu sei que você falou que não somos superiores a vocês, Jen.
_             Eu fiquei perplexa pela desigualdade de tratamento, de relacionamento. E eu acho que ninguém é inferior a ninguém. Só isso. Em momento algum falei que não gostava de vocês.
_             Bem, então aprenda que aqui as coisas funcionam deste jeito. Peço desculpas se as notícias chegaram de maneira errada até mim.
O diretor olhou com uma cara de raiva para a parede da orelha de cabeça para baixo e foi saindo da sala. Mas antes disse:
_             Se não estiver à vontade aqui, é só pedir para ir embora.
Jen ficou olhando pensativa para a parede em questão e logo entendeu: estas paredes fofocam umas com as outras até que a notícia chegue ao último andar. Marie chegou e perguntou o que houve. Jen contou a ela e exclamou:
_             Só não entendo por que as notícias chegaram de maneira distorcida!
            Ora, olhe bem para a parede. Olhe para as outras três. Qual a diferença?
_             Lógico! Como elas estão ao contrário, elas entendem tudo errado.
_             Isso, e elas são as únicas que falam. Lembra? Elas são revoltadas por serem deformadas e passam adiante tudo que escutam, porque não gostam de ver ninguém bem. Gostam de intriga, de briga.  Nós erramos aquele dia também.
_             Como assim “erramos”?
_             Se quisermos conversar sem que ninguém nos ouça, temos que conversar perto das outras três paredes aqui da intersala. Elas não falam. Elas só escutam, mas da maneira correta. São felizes assim e transmitem vibrações boas para quem está perto delas. E você? Vai pedir para ir embora como ele sugeriu?
_             Não. Vou ficar. Aqui é bom. Tenho a sensação de que ficando poderei ajudar muitas pessoas a descobrirem a verdade sobre este lugar. Quanto mais pessoas instruídas sobre isso, melhor ficará este prédio. Pense bem! Desta maneira, as paredes podem fofocar à vontade que ninguém vai acreditar nelas.
E foi assim que a menina descobriu como o grande prédio é. Nem todos são confiáveis, alguns são invejosos, outros interesseiros.  Mas isso tinha uma explicação. E ela aprendeu isso. Todos aprendem alguma coisa neste prédio. Uns aprendem a ter inveja, outros a serem “superiores”. O que a menina aprendeu? Aprendeu que as paredes têm ouvidos e que devemos saber onde conversar tranquilamente, já que nem todos os lugares são seguros. Aprendeu também que se tivermos um pouco de boa vontade, podemos enfrentar as adversidades e mudar o prédio onde estamos e as pessoas que estão nele conosco, para que todos possam aproveitar este lugar mágico da melhor maneira possível.


20/02/2010

Meu primeiro abraço


Meu primeiro abraço
(Paula Campos Soares)

Nunca me esquecerei do primeiro dia em que a vi. Foi você a pessoa a me dar boas-vindas. Você foi meu primeiro abraço.
Aprendi muito com você, pois você foi uma profissional excelente e, principalmente, uma pessoa maravilhosa. Você me ensinou a “vestir a camisa”. Aprendi com você que vale a pena lutar pelo que desejamos, que nada é impossível, que aos poucos conseguimos mudar o que está errado. Sempre que consigo fazer uma mudança, por menor que ela seja, eu me lembro de você. Como eu queria ter tido a chance de lhe contar que conseguimos mudar o que mais queríamos! Como eu queria que você visse a felicidade estampada nos rostos de todos, principalmente, nos rostos de “nossos meninos”! Eu, particularmente, devo muito disso a você, que me ensinou a sonhar com os pés no chão e me ajudou a chegar aonde chegamos todos nós hoje.
Sua determinação, sua vontade de viver a vida, seu bom humor, seu carisma, sua sinceridade... Sinto falta de tudo isso. Sinto falta até das vezes em que não concordava com você, que ficava com raiva de você. Bons tempos.
Agradeço por tudo que fez por nós, por tudo que ensinou a nós. Agradeço por ter tido a oportunidade de conviver com você, mesmo que por pouco tempo.

22/12/2009

Rotina


Rotina
(Paula Campos Soares)

Acordar. Cuidar. Lanchar. Limpar. Mais um dia começa e temos que trabalhar.
Descanso. Planos. Animação. Empolgação. Mais um ano começa com muita disposição.
Acordar. Cuidar. Lanchar. Limpar. Mais um dia começa e temos que trabalhar.
Bom dia. Muitas palavras. Bate o sino. Oi, menino. E isso se repete como frases de um hino.
Acordar. Cuidar. Lanchar. Limpar. Mais um dia começa e temos que trabalhar.
Bom dia. Poucas palavras. Bate o sino. Lá vem aquele menino! E isso se repete como frases de um hino.
Acordar. Cuidar. Lanchar. Limpar. Mais um dia começa e temos que trabalhar...
Bom dia. Nenhuma palavra! Bate o sino (atrasado!). Sai daqui, menino! E isso não é cena de uma instituição de ensino.
Acordar? Fingimento. Cuidar? Automático. Lanchar? Mecânico. Limpar? Até parece... Mais um dia começa querendo acabar.
Bom dia? Nem isso. Ouvir o sino? Que sino? Ah, aquele que bate mais cedo anunciando não querer mais trabalhar. Tchau, menino (com satisfação).
E esse, menino, infelizmente, é o hino de uma instituição de ensino.
Mais um ano termina e não queremos mais ouvir esse hino.
28/11/2009

Os corruptos 2: a missão


Os corruptos 2: a missão
(Paula Campos Soares)

Sabe aqueles dias em que nada dá certo? Tudo que você planeja dá errado? Pois é. Essa semana está assim para mim, cheia de dias em que nada dá certo.
Há algumas semanas, quando ouvi uma música da banda Pato Fu, notei que muito de sua letra tinha a ver comigo. Tem a ver comigo. “Eu faço tanta coisa pro mundo melhorar. Eu faço de um tudo que posso pra ajudar.” Realmente eu faço isso, principalmente no ambiente onde trabalho. “Mas peço, por favor, alguém me dê a mão.”
No início da semana, começam a espalhar que você é “carrasca”, que você não está disposta a ajudar ninguém. A pessoa pega uma informação errada e, além de espalhá-la, deturpa-a, mudando sua real essência.
Essa mesma pessoa continua cometendo o mesmo erro que já cometera no ano anterior. Continua dando crédito a apenas uma pessoa quando o mesmo tem de ser dado a duas, uma delas sou eu. Não admite que está errada e ainda expõe opiniões machistas com relação a tal assunto.
Muita coisa, né? Mas não acabou não. Esta mesma pessoa que não deu crédito a pessoa certa, quis dar crédito a mim por algo que não fiz. Não achem que isso é bom. A pessoa esbravejava enquanto reclamava que eu que fiz algo com que ele não concordava. Mas eu não fiz!
Tem hora que a gente cansa de ficar calada para manter o ambiente ameno...
“As brigas que ganhei... nem um troféu para casa eu levei. As brigas que perdi, estas sim, eu nunca esqueci, eu nunca esqueci...” (John/ Fernanda Takai)

27/11/2009

Tire suas próprias conclusões


Tire suas próprias conclusões
(Paula Campos Soares)
  
Cheia de coisas para fazer,
Paro para dizer sobre o que você fez
Me ignorar vai ajudar?
Não conversar vai ajudar?
Falei o que falei
Falei porque bem sei
Bem sei que o que você quer
Não vai lhe fazer bem
Você vai ter que escolher
E acaba que eu também
Depositei minhas esperanças em você,
Uma pessoa que mal conhecia
E parece que vai acabar como eu já sabia:
Quebro a cara todo dia

Você, leitor
Não encare como um poema de amor,
Pois não é
É um poema de preocupação
E um pouco de decepção

Há pessoas que não sabem o quanto são importantes
Não sabem a esperança que nelas é depositada
E acham que para ser gente grande é necessário fazer burrada
E pior, sabendo que é uma burrada


Você, leitor
Não encare como um poema de amor,
Pois não é
É um poema de preocupação
E um pouco de decepção
Um poema sem regra e com rimas pobres
Mas escrito de coração, por uma causa nobre



14/09/2009

Os corruptos


Os corruptos
(Paula Campos Soares)

“Não basta ser sincero, ter caráter, ser honesto. Gotta work[1].
Será que hoje em dia ser sincero é crime? Por que ter caráter é tão diferente? E por que ser honesto é tão difícil?
Vivemos em uma sociedade que xinga tanto nossos políticos! Com razão, claro! Mas será que não devemos xingar nós mesmos? Reclamamos tanto de corrupção, contudo os primeiros a se corromperem somos nós mesmos. Nem venha me falar que isso é um absurdo, porque não é! Deixe-me explicar...
O que você acha que é corrupção? Você vai logo pensar que corrupção é aquilo que todos os políticos fazem por aí, ou seja, é roubar, aceitar suborno e subornar, etc. Pois bem, está certo, mas digo mais: corrupção é o ato de corromper-se. E o que é corromper-se? Um dicionário que eu tenho aqui em casa explica “corromper” como “apodrecer, estragar, perverter, viciar, subornar”. Você se encaixa em alguma dessas acepções? Eu acrescento uma acepção a essa lista: “jeitinho brasileiro”. Agora sim você vai falar que é um absurdo! E eu vou falar de novo que não é!
O meu meio de trabalho é a educação e uma das acepções desta palavra no meu dicionário é “ensinar bons modos”. Educar não é só ensinar bons modos, ou mesmo ensinar Português, Inglês ou qualquer outra disciplina da escola; educar é ensinar para a vida. O mundo vai cobrar tanto dos meus alunos que quero ensinar-lhes não só Português ou Inglês, quero ensinar-lhes sobre a vida. Quem sou eu para ensinar alguém sobre a vida, né? A cada dia que passa, vejo o quão inexperiente sou. Entretanto, sei que tenho alguma experiência a mais que meus alunos: sei de muita coisa que a vida nos cobra e eles, não.
Então, a escola é para educar, logo deve mostrar que não se pode chegar atrasado nem sair cedo. Alunos e professores devem cumprir com suas obrigações. Todos têm de chegar no horário e não devem sair cedo. Mas não é assim que funciona, infelizmente, não só com alunos, mas também com professores.
Os professores, educadores, que bonito! Enchem a boca para gritar por um salário digno, que bonito! Mas não fazem um trabalho digno, que feio! Chegam atrasados, saem cedo e, se for dia de jogo da seleção brasileira, pedem até para “liberarem os alunos”. Se eu sou contra, eles perguntam “cadê seu patriotismo?”. E eu lhes respondo agora: ser patriota não é torcer por um bando de ignorantes que não deu valor aos estudos e que ficou rico só porque futebol deixou de ser esporte para virar comércio. Ser patriota é fazer o que você jurou no dia de sua formatura. Não jurei não trabalhar para ver jogo de futebol. Jurei ensinar bons modos e tenho que fazer isso para não me tornar corrupta!
Imagina meus alunos no futuro, chegando atrasados no trabalho, saindo cedo, pedindo para ver jogo... Seriam demitidos e teriam toda a razão de xingar a escola deles por não ter-lhes ensinado que isso era errado. Eu faço parte da história deles e prefiro ser lembrada como a chata que não os deixava chegarem atrasados nem saírem cedo, mas que ensinou que isso é o certo.
Não quero me corromper e nem estragar meus alunos. Escrevo este texto como desabafo. Cansei de ouvir pelos corredores que sou estressada. Sei que não foi aluno que criou este boato e isso sim me espanta mais. Por que sou estressada? Só porque eu quero as coisas nos seus lugares? Só porque sou rígida e quero que meus alunos se formem sabendo alguma coisa? Prefiro que eles saiam sem gostar de mim, mas saiam preparados para o mundo. A minha função é educar e não corromper.
“Não basta ser sincero, ter caráter, ser honesto. Gotta work”. Mas será que trabalhar ainda tem valor?

[1] Trecho da música Spoc, da banda Pato Fu

04/07/2009

Amizade


Amizade
(Paula Campos Soares)

Minha visão de amizade é muito diferente da visão que a sociedade tem. A mídia em suas propagandas de cerveja mostra amigo como aquela pessoa com quem você está sempre aprontando alguma. Aquela pessoa que está sempre bebendo com você, assistindo a jogos com você, indo a festas com você. Se alguém espera esse comportamento de mim, vai se decepcionar.
Na verdade, por algumas pessoas esperarem isso de mim, vi algumas amizades minhas quase morrerem. Só digo que não morreram porque ainda há um sentimento de carinho mútuo e uma saudade dos bons tempos.  Você não deve esperar que seu amigo mude radicalmente, você deve se adaptar a ele. Difícil, né? Por isso eu sempre digo que amigos são poucos, pois são poucas as pessoas que conseguem se adaptar a outras.
Falando de um de meus amigos especificamente, eu me vejo como aquela pessoa que se preocupou, se dedicou, ouviu, aconselhou e no final foi ignorada. Vejo aquela dedicação quase como uma perda de tempo. Sabe por quê? A outra pessoa simplesmente notou que eu “só servia” para isso, que eu não gostava de sair. Ela se aproximou muito dos colegas com quem saía e, consequentemente, afastou-se de mim. Depois de um tempo você se cansa de ser a única a telefonar e mandar mensagens e para de lutar para manter contato sozinha. Foi isso que aconteceu. Agora temos algum contato pela internet, pois o carinho continua, mas o resto.... É passado.
Falando agora de meus verdadeiros amigos... Esses sim. Sabe quantas vezes nos vemos? Raríssimas. Isso é ruim, mas as poucas vezes em que nos encontramos são ótimas. A gente se diverte a nossa maneira: assistindo a filmes, comendo pizza, relembrando os tempos de escola e compartilhando experiências. A gente se conhece desde 1998, somos amigos de escola, amigos de RPG... E sabe por que dura tanto? A gente se adaptou ao estilo um do outro. Nós nunca cobramos do outro coisas de que sabemos que ele não gosta. Sempre houve e há respeito! Existe aquele que nunca sai de casa e aquele que trabalha em horários malucos, mas sempre nos respeitamos. A gente mal se vê, porém nós sabemos que podemos contar um com o outro. Isso é amizade.
Há também aquela amizade que começa por causa de uma certa admiração que aquela pessoa desperta em você. Isso acontece muito comigo nos lugares onde trabalho. Seja por um professor que tenha um caráter tão rico e honesto, seja por um aluno que goste realmente de estudar e tenha respeito pela escola. Quando essa admiração se instala, num piscar de olhos você já se vê preocupada com esta pessoa, quer ficar perto, conversar. Sabe por quê? Porque o ambiente fica bom, a companhia é agradável e, convenhamos, isso é meio caminho andado para uma amizade.
Quis fazer este texto para mostrar o quanto eu gosto dos meus amigos, tenham eles 15 ou 35 anos, estejam eles longe ou perto. Fiquei sem inspiração hoje. Tentei até fazer um poema, mas não consegui, não sou boa com poemas. Espero que me desculpem.


21/07/2009

A internet educa?


A internet educa?
(Paula Campos Soares)

            Antes de a internet ser tão avançada como é hoje, era divulgado na mídia que esse era mais um recurso que iria ajudar os estudantes, pois iria conectá-los ao mundo, fazendo com que eles pudessem aprender muito mais sem sair de casa.
            Outro dia um ex-aluno meu teceu um comentário sobre o fato de a internet estar atrapalhando as pessoas, desenvolvendo, então, o papel oposto do que ela teria. Logo concordei com ele e resolvi escrever este texto para expor nossos pontos-de-vista.
            Há os dois lados da internet, um bom e um ruim, como de praxe. Lógico que ela educa como havia sido prometido. Basta fazer um teste e procurar sobre qualquer assunto no Google, por exemplo. Podem-se encontrar desde receitas de bolos a discussões eufóricas sobre células-tronco, quando conectados à rede. Faça qualquer pesquisa, que você vai encontrar algum resultado nem que seja apenas um. Temos a Wikipédia também, que é uma enciclopédia virtual formidável, onde podemos encontrar informações sobre pessoas, cidades, países, conceitos e muito mais. Não posso me esquecer de falar de redes de relacionamento, como o Orkut. Quem disse que Orkut não é importante? É sim! Faz com que você mantenha contato com pessoas que não via há muito tempo e com pessoas que vê diariamente, mas com quem não tem tempo de conversar por causa do corre-corre diário ou para as quais tem preguiça de mandar um e-mail, que convenhamos, ficou até antigo comparado a essas modernidades.
            Agora o lado ruim... Os adolescentes devem estar pensando “Que lado ruim?”. Não é difícil encontrar um lado ruim quando se é professor de Português. Olha que coincidência! Eu sou professora de Português e, a cada dia que se passa, fico mais desesperada em ver como as pessoas escrevem mal. Ah, mas o que a internet tem a ver com o fato de as pessoas escreverem errado? Muito! Ah, mas a culpa é da educação do país que está um caos... Também! Lógico que os erros mais primários são decorrentes de um ensino básico horrível, no qual o aluno escrever “serto” é certo (e quantas vezes já li isso em textos do Ensino Médio)! Muitos professores nem ligam se o aluno escreve certo ou “serto”, o importante é cumprir horário, “bater o cartão” e receber o salarinho no fim do mês. Contudo, não devemos culpar só esses professores. Qual é a primeira célula da sociedade? Com quem primeiro aprendemos a nos comunicar? Com a nossa família! A família hoje em dia é apenas mais um nome bonito, pois, na grande maioria das vezes, a família quer ver o filho apenas como aluno (na escola, bem longe de casa), pouco se importando se ele vai bem na escola, se ele sabe ler ou escrever bem. E o último culpado, mas não menos importante, é o próprio aluno, o qual não se preocupa com nada hoje em dia. Minto! Ele se preocupa em tirar fotos iguais, com caras diferentes, em frente ao espelho para colocar no Orkut e falar “estou na moda”!
            Ah, falando em Orkut, tenho que voltar ao objetivo central do texto, que é a internet e sua deseducação! Os jovens já têm a tendência de escrever errado, pois eles não leem mais, pelo menos não leem mais livros. O único texto que eles leem (e só fazem isso porque não entenderam a ligação disso com a palavra “texto”) é a mensagem que recebem, seja em celular, em Orkut ou no Messenger. E se o único texto que leem é esse, o mundo está perdido! Todo mundo escreve errado na internet, então, o jovem vai ler sua mensagem, escrita de forma errada, e entender aquilo como certo. “Amulll vouxê”. Entendeu? Não? Que bom! Sinal de que ainda não está infectado pelo vírus do dialeto desconhecido. Para poupar caracteres na hora de escrever mensagens no celular, começou a mania de abreviar palavras, fato este compreensível até. Não caberia a palavra “mensagem”, então, vou escrever “msg”; “também” virou “tb” ou “tbm”; “você” virou “vc” e por aí vai... Mas se o que queriam era poupar espaço, por que cargas d’água agora “não” virou “naum”? Você ama com mais intensidade alguém se escrever “amulllll”? A quantidade de letra representa o tamanho de seu sentimento? A “saudaadeeeee” é maior que a saudade, o “amooooor” é maior que o amor.... Vai ver a tecla do computador agarrou e eu que sou chata mesmo. Outro grave problema é o esquecimento do infinitivo. Lembra-se dele não? Já esqueceu também? Ah, não... O verbo no infinitivo tem um “r” no final como em “amar”, “pedir”, “escrever”. Aprendeu? Quantas mensagens já recebi no Orkut tipo “Vou estuda para prova”. Ah, esse vai ter que estudar muito mesmo...
            Estou escrevendo este texto porque fico revoltada ao receber uma mensagem, seja no Orkut ou no Messenger, de alunos bons, que escrevem bem, escrita de forma errada. Sempre falo com eles e eles respondem “Ah, fessora. É só na internet”. Mas por que na internet pode? Onde está escrito isso? Não pode no caderno, não pode na internet!
            Você, bom aluno, faça um esforço para escrever certo na internet. E você, não tão bom assim, faça algum esforço para escrever “certo” certo. Por favor. Pelo bem da humanidade!


10/05/2009