Máquina do tempo
(Paula Campos)
Terminei de assistir a uma série
alemã chamada Dark, na qual quatro
famílias buscam respostas para os mistérios que envolvem o desaparecimento de
um menino. Um enredo que mexe com três gerações e que envolve o fantástico tema
“viagem no tempo”.
Impossível ser atiçado para isso
e não ficar pensando em como seria se realmente pudéssemos viajar no tempo. O
que você faria? Teria coragem de voltar no tempo e mudar alguma coisa que
aconteceu, mesmo sabendo dos riscos?
Com certeza, eu gostaria. Mudaria
coisas simples, como dar o abraço, que eu nunca dei, no Rex. E, obviamente,
gostaria de fazer coisas mais complexas. Eu mudaria algumas atitudes minhas que
sei que trouxeram consequências bem negativas para a minha vida. Seria mais
paciente, mais tolerante; teria me calado inúmeras vezes, possibilitando
situações mais agradáveis; mas, principalmente, não teria ficado calada quando
eu mais precisei falar. Arrependo-me de coisas que fiz e de coisas que não fiz.
Quem não? E, se pudesse voltar atrás, com certeza o faria.
Porém, essa não é a única possível
viagem no tempo. Frequentemente, falo “ah, se eu pudesse voltar no tempo, eu
queria fazer tal coisa para ter aquela sensação de novo!”. E você? Também pensa
assim?
Eu gostaria de voltar a alguns
momentos da minha vida. Voltar a algum dia da minha infância, ficar pedalando
com meu irmão e meu vizinho e fugir até a padaria, sentindo aquela adrenalina
de fazer algo escondido (assim como pegar um chocolate da lanchonete do meu pai
sem que ele visse); conversar de novo com o crush
da época; aproveitar de novo a companhia de cada pessoa que já não está mais
por perto... Gostaria de voltar ao dia em que cheguei a NY e ter de novo aquela
sensação de “eu consegui” (sem deixar de tomar um Vanilla Shake); respirar de novo o ar de São Francisco e pensar “tô realizando meu sonho”, olhar para a Golden Gate e me decepcionar por achar
que ela seria mais atraente, mas, mesmo assim, atravessá-la de novo (porque lá
de cima ela é fantástica!); sentir a emoção de ver o mar e a neve pela primeira
vez; sentir o frio na barriga de entrar em um avião; sentir aquele perfume de novo...
Não ficaria presa no passado. Faria isso pelo simples prazer de sentir tudo de
novo e voltaria ao presente.
Infelizmente, não há borracha que
apague as consequências de ações que fizemos ou deixamos de fazer. Tampouco há
um controle remoto que nos permita apertar umas teclas e selecionar cenas da
nossa vida. Mas, se eu pudesse escolher uma, só uma!, eu voltaria àquele
primeiro beijo, a melhor sensação!, e ficaria apertando rewind sempre que desse saudade.
E você? O que você faria?
28/01/2018