Passaporte
(Paula
Campos Soares)
Semana de
provas na escola, horários que antecedem o momento de aplicação da avaliação de
Geografia, alunos estudando (ou fingindo) e eu aqui, à toa, lendo, passando o
tempo, já que minha prova já foi aplicada e corrigida. Isso não vem ao caso.
Isso, na verdade, nem é completamente verdadeiro quando se leem as crônicas de
Martha Medeiros. Pelo menos, para mim, suas crônicas não só passam o tempo,
como me fazem voltar nele, refletir sobre o meu dia a dia, porque ela tem o dom
de escrever “sobre mim”. Ah, vocês entenderam! Leio um texto dela e penso em
escrever uma mensagem para um amigo; leio outro, e aqui estou, escrevendo um
texto meu.
Acabei de ler
uma crônica intitulada “Atravessando a fronteira do oi” e, automaticamente, identifiquei-me
com o texto. Nesse, ela conta que, enquanto estava fora do país, conheceu uma
mulher que ela sempre cumprimentava com um “oi”, quando se viam numa academia
da cidade onde moram. Quais são as chances de você conhecer alguém, que mora na
mesma cidade em que você, em outro país? Como Martha diz, o passaporte nos
libera não só para a entrada em outro país, como também para entrar num outro
estilo de vida ou, simplesmente, numa vida diferente: a de outra pessoa.
No meu caso, o
passaporte me permitiu entrar na vida de várias pessoas através de uma só. E,
por incrível que pareça, atravessamos a fronteira de simples “ois” trocados no
curso de idiomas em que eu trabalhava e ela estudava para nos conhecer em NYC.
Ótimo cenário, não? Antes eram “ois”, hoje, trocamos mensagens, fotos,
telefonemas, confidências, choros, risadas, abraços, livros... Há mais ou menos
um ano, consegui o visto que me permitiu ultrapassar, assim como Martha, a
fronteira do oi.
Uma crônica
escrita no dia do meu aniversário me inspirou a escrever este texto.
Coincidência ou não, se hoje leio algum livro de Martha Medeiros, é porque eu
aprendi com a guria do “oi”.
24/09/2012
Um comentário:
Enchendo a minha alma daquilo que, outrora, eu deixei de acreditar... :)
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