segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Passaporte


Passaporte
(Paula Campos Soares)

Semana de provas na escola, horários que antecedem o momento de aplicação da avaliação de Geografia, alunos estudando (ou fingindo) e eu aqui, à toa, lendo, passando o tempo, já que minha prova já foi aplicada e corrigida. Isso não vem ao caso. Isso, na verdade, nem é completamente verdadeiro quando se leem as crônicas de Martha Medeiros. Pelo menos, para mim, suas crônicas não só passam o tempo, como me fazem voltar nele, refletir sobre o meu dia a dia, porque ela tem o dom de escrever “sobre mim”. Ah, vocês entenderam! Leio um texto dela e penso em escrever uma mensagem para um amigo; leio outro, e aqui estou, escrevendo um texto meu.
Acabei de ler uma crônica intitulada “Atravessando a fronteira do oi” e, automaticamente, identifiquei-me com o texto. Nesse, ela conta que, enquanto estava fora do país, conheceu uma mulher que ela sempre cumprimentava com um “oi”, quando se viam numa academia da cidade onde moram. Quais são as chances de você conhecer alguém, que mora na mesma cidade em que você, em outro país? Como Martha diz, o passaporte nos libera não só para a entrada em outro país, como também para entrar num outro estilo de vida ou, simplesmente, numa vida diferente: a de outra pessoa.
No meu caso, o passaporte me permitiu entrar na vida de várias pessoas através de uma só. E, por incrível que pareça, atravessamos a fronteira de simples “ois” trocados no curso de idiomas em que eu trabalhava e ela estudava para nos conhecer em NYC. Ótimo cenário, não? Antes eram “ois”, hoje, trocamos mensagens, fotos, telefonemas, confidências, choros, risadas, abraços, livros... Há mais ou menos um ano, consegui o visto que me permitiu ultrapassar, assim como Martha, a fronteira do oi.
Uma crônica escrita no dia do meu aniversário me inspirou a escrever este texto. Coincidência ou não, se hoje leio algum livro de Martha Medeiros, é porque eu aprendi com a guria do “oi”.

24/09/2012

Um comentário:

Raíssa disse...

Enchendo a minha alma daquilo que, outrora, eu deixei de acreditar... :)