Sem querer
(Paula Campos Soares)
Os olhos embaçados só conseguem
enxergar o passado. A festa, os sorrisos, os choros, tudo é passado, mas um
passado tão presente que a lembrança dele continuará no futuro.
Ela faz o seu trabalho como se nada
tivesse acontecido. Ri, dá bronca, finge que está tudo bem. Na verdade, finge
que finge, já que nem fingir ela consegue mais. Faltam-lhe forças. Falta-lhe
motivação.
Tenta fazer tudo rápido para
evitar mais choro. Despede-se sem falar muita coisa. Resolve todas as
pendências. Pega a caixa de papelão com suas coisas e sai pelo portão, com
pressa, sem olhar para trás. Não para escapar das lembranças, já que essas
estarão para sempre com ela. Cada sorriso, cada bronca, cada lágrima, cada
abraço, cada olhar de agradecimento vindo daquelas criaturas tão jovens e com
um sentimento tão grande nunca serão esquecidos.
Seus olhos se embaçam novamente
ao se lembrar dos outros olhos que assim também estavam e, com um nó na
garganta, ela só consegue pensar “foi sem querer”...
19/12/2013
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