Dia de faxina
(Paula Campos Soares)
Ontem foi dia de final de
campeonato. Atlético Mineiro e Cruzeiro decidiam a Copa do Brasil e,
obviamente, antes do jogo já se viam ofensas mil, principalmente nas redes
sociais. E isso significa que ontem foi dia de faxina. Dia de deixar de seguir,
de “varrer” aquelas pessoas que não sabem publicar nada que não seja sobre
futebol (ofensas ou não, galera! Só queria dizer que existem outros assuntos.)
para debaixo do tapete.
Bem, nas redes sociais, a gente
bloqueia; em casa, a gente lamenta a falta de educação e de respeito dos
vizinhos do nosso prédio, e das pessoas da nossa cidade, que gritam, soltam
fogos e fazem buzinaço durante a madrugada. “Peraí”, vocês não trabalham, não?
Sério! As pessoas normais merecem descanso e merecem o direito de não saber o
resultado de um jogo de futebol.
Tudo isso é exemplo da total
falta de respeito que existe por aí. Venho sendo rodeada por ela. Nas ruas, na
família, no trabalho... Um exemplo é a insistência. Se você pede algo para
alguém e a pessoa nega, respeite. Se você se interessa por alguém, tem o
direito de dar em cima da pessoa, mas se a pessoa diz “não”, respeite. “Não” é “não”.
Se você acha que seu amigo está muito sozinho (mesmo que ele não reclame disso),
tem até o direito de querer arrumar alguém para ele, mas, se ele não quer,
aceite o “não”. Respeite. Sou contra esse tipo de insistência. Uma vez dito o “não”,
eu respeito. A pessoa tem motivo para negar, galera! Não é à toa. Mas, enquanto
eu penso que “não” é “não”, a maioria das pessoas pensa “Não é, não!” e
insistem.
Insistindo na insistência,
insisto em reclamar de certas atitudes que vejo por aí. Praticamente nada me
irrita mais que adultos (“adultos”) que teimam (para não usar o verbo insistir)
em agir como crianças, rindo dos outros, gritando, cantando ofensas e irritando
pessoas que estão quietas em seu canto, que podem estar assim por causa de
algum sofrimento ou podem ser, simplesmente, tímidas, sérias, podem querer
apenas balançar a cabeça para cima para cumprimentar ao invés de abrir um
sorriso de orelha a orelha e gritar “bom dia!”. Falsidade é questão de escolha.
Gostaria que essas pessoas insistissem em coisas mais úteis, como crescer,
amadurecer, entender e, acima de tudo, respeitar.
Aos que querem aparecer: sugiro
melancia. Pesa menos que suas ações. Aos atleticanos: que não fiquem rindo e
desrespeitando o Cruzeiro, atual campeão brasileiro. Aos cruzeirenses: e daí
que o título deles é inédito e vocês têm quatro (quando conquistaram o
primeiro, ele era inédito para vocês. Não?)?
Dia de faxina é assim, a gente
enxerga o que está entulhando e joga fora. Tenho feito isso nas redes sociais,
espero ansiosamente que o ano acabe para eu fazer isso em certos grupos sociais
(e reais) meus. Poder manter perto de mim, mesmo que virtualmente, o que me
agrada e me faz bem. Varrer os desrespeitosos pra bem longe, torcendo para que,
se um dia o vento os trouxer de volta, eles já tenham sido varridos do
desrespeito.
27/11/2014
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