Segundo tempo
(Paula Campos Soares)
Há dois meses,
tudo o que eu mais queria era que o fim do ano chegasse. Isso foi há dois
meses.
Fazendo uma
breve retrospectiva, esse ano começou com tudo o que eu não gosto: ansiedade.
Na verdade, muitos podem falar que reclamo de “barriga cheia”, já que fui
aprovada em um concurso público extremamente concorrido. Pois é, mais uma vez
faço um concurso para me testar e passo. Sinceramente não esperava por isso e
essa aprovação mudou completamente minha vida. Por causa dela, tive que mudar
meus horários por completo, trabalhar três turnos, em quatro escolas, abandonar
uma das melhores escolas da cidade por falta de horário (e pior, recusar voltar
quando chamada de volta), e depois abandonar outra. Saldo: terminei o ano
trabalhando em três escolas, efetiva em dois cargos públicos, mas me sentindo
sugada, inútil, infeliz. Porém, não entrarei no mérito da questão.
Obviamente,
uma vida não se resume ao lado profissional, mas quando seu lado profissional
exige tanto de você que não resta tempo para amigos, família e casa, parece que
não vale a pena. Mal vi meus amigos, mal fiquei em casa e me senti mais sozinha
do que nunca, mesmo quando não estava. Nem escrevi, nem cantei. Medos surgiram,
paranóias também e havia uma luta constante minha contra mim mesmo, tentando
barrar pensamentos ruins. Muitas batalhas eu venci, mas aquelas que me
derrotaram me deixaram down por
muito, muito tempo.
Meu ano só
começou a mudar em setembro. Em setembro consegui algo que achei que não
conseguiria, algo que me proporcionou uma viagem que me trouxe muito mais do
que boas recordações encontradas em fotos. Com essa viagem, eu comecei a me
ganhar, me reencontrar, venci todas as batalhas contra mim mesma, todas! Todos
os medos que apareceram em meu caminho, eu enfrentei. E venci! Eu venci! Mais do
que o alívio por me reencontrar, agora tenho experiência a mais, amigos a mais,
enfim, tenho Paula a mais. Voltei a escrever, voltei a cantar.
Há dois meses
eu queria que o ano acabasse. Isso foi há dois meses. Agora que seu fim se
aproxima, eu queria que durasse um pouco mais para eu poder aproveitar tudo de
bom que conquistei. Como diria uma amiga: “Aos 45 do segundo tempo, perdi o
direito de reclamar de 2011”.
30/12/2011